O paquiderme axumita: esboço de um contexto político para a Sura 105 do Corão
Resumo
O Corão, texto sagrado do Islã, parece desconfortavelmente hermético para os seus leitores ocidentais, de modo que a interpretação de sua narrativa continua dependente, por um lado, das leituras devotas dos muçulmanos ou, por outro, das abordagens demasiado interessadas dos orientalistas. Passando por alto as considerações de ordem teológica a respeito de sua formação e difusão, não se pode deixar de considerar que se trata da mais relevante das fontes documentais para se compreender o surgimento e o período formativo da terceira das religiões abraâmicas. Uma abordagem histórico-crítica adequadamente respeitosa de suas partes, portanto, faz-se necessária àqueles interessados no período e espaço sociocultural do qual ele dá notícias. O que se pretende fazer no presente trabalho é justamente uma incursão experimental neste sentido, focada na Sura 105, conhecida como sendo d’O elefante. Não se quer interpretar o texto por meio do texto, em perspectiva meramente exegética, em última análise estéril aos historiadores e críticos culturais, mas, partindo de alguns elementos localizáveis, direta ou indiretamente, neste fragmento, fazer referência ao intrincado contexto geopolítico da Península Arábica de fim do século VI/início do século VII d.C., horizonte de referência necessário para se entender o conteúdo específico da pregação de Muhammad e o desenvolvimento inicial do Islã.
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