A acusação de platonismo na escatologia cristã e a resposta de Joseph Ratzinger

The Accusation of Platonism in Christian Eschatology and Joseph Ratzinger’s Response

Autores

  • Antônio Luiz Catelan Ferreira Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
  • Everaldo Bon Robert

Palavras-chave:

Imortalidade da alma, Joseph Ratzinger, Imortalidade dialógica, Platonismo, Escatologia

Resumo

A partir da Reforma Protestante, a escatologia católica foi acusada de ter sido influenciada pela filosofia greco-platônica e de ter falsificado a Revelação. Com base em uma pretensa exegese bíblica, a dualidade e distinção entre corpo e alma foram rejeitadas. Seria, então, preciso abandonar a ideia da imortalidade da alma e adotar apenas a da ressurreição. Em sua obra “Escatologia”, Joseph Ratzinger rejeita essas teses e afirma que a imortalidade da alma e o estado intermediário são elementos tanto da Escritura quanto da Tradição da Igreja. O teólogo bávaro destaca o aspecto dialógico da imortalidade: o homem é imortal porque foi chamado a uma relação e diálogo com o Criador. Analogicamente, poder-se-ia dizer que a causa final da imortalidade humana estaria em sua condição relacional e dialógica, e a causa formal estaria na estrutura espiritual de sua alma. Ratzinger também enfatiza que é através da comunhão com Cristo que o homem entra no “tempo de Jesus”, abre-se ao amor, transforma o tempo e se abre para a eternidade. Este artigo está estruturado em três partes: a primeira, aborda o status quaestionis da problemática; a segunda parte apresenta a resposta de Joseph Ratzinger e a terceira, reúne as principais conclusões.

Biografia do Autor

Antônio Luiz Catelan Ferreira, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana

Everaldo Bon Robert

Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Referências

BIFFI, Giacomo. Linee di escatologia cristiana. Milano: Jaca Book, 1984.

BOROS, Ladislaus. I cieli nuovi e la terra nuova. In: MUSSNER, Franz (Org.). Il cristiano e la fine del mondo. Roma: Edizioni Paoline, 1969, p. 27-41.

BOROS, Ladislaus. Terá a vida algum sentido? Concilium, 1970, n. 10, p. 1211-1219.

BOROS, Ladislaus. Mysterium mortis: L’uomo nella decisione ultima. Brescia: Editrice Queriniana, 1979.

BRUNNER, Emil. L´eternità come futuro e tempo presente. Bologna: Dehoniane, 1973.

CULMANN, Oscar. Imortalidade da alma ou ressurreição dos mortos? Mentes Bereanas, 2016. Disponível em: https://www.mentesbereanas.info/wp-content/uploads/2020/07/imort-ressur_folheto.pdf. Acesso em: 25 jul. 2024.

DAŃCZAK, Adrzej. La questione dello stato intermedio nella teología católica negli anni 1962-1999. Pelplin: Wydawnictwo “Bernardinum”, 2008.

FASANO, Anderson. O pensamento escatológico de Pierre Teilhard de Chardin. 2009. Dissertação (Mestrado em Teologia) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009.

GASPAR, Francisco Prata. Fichte e o primado da prática. São Paulo, 2009. 199 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências humana, Universidade de São Paulo.

GASSMANN, Lothar. Karl Barth: Das Verhängnis der Dialektik. Berneck: SchwengelerVerlag, 1995.

GRESHAKE, Gisbert. Breve trattato sui novissimi. Brescia: Queriniana, 1978.

GRESHAKE, Gisbert. Vita–Più forte della morte sulla speranza cristiana. Brescia: Queriniana, 2009.

KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, 2008.

LUTHER, Martin. D. Martin Luther’s Werke: Kritische Gesammtausgabe – Briefwechfel. v. 2. Weimar: H. Böhlaus, 1931.

LUTHER, Martin. D. Martin Luther’s Werke: Kritische Gesammtausgabe. v. 14. Weimar: H. Böhlaus, 1963.

MENOUD, Phillipe-H.; COSTABEL, B. Dopo la morte: Immortalità o resurrezione?Torino: Editrice Claudiana, 1970.

MORA, José Ferrater. Diccionario de Filosofia. Tomo I. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1965.

PEÑA, Juan Luis Ruiz de la. La otra dimensión. Madrid: Editorial Sal Terrae, 1986.

POZZO, Candido. Teología del más allá. Madrid: Biblioteca de autores cristianos, 1968.

RAHNER, Karl. Sentido teológico de la muerte. Barcelona: Herder, 1969.

RATZINGER, Joseph. Escatología: La muerte y la vida eterna. In: RATZINGER, Joseph. Obras Completas. Vol. X (Resurrección y vida eterna). Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 2017, p. 3-256.

RATZINGER, Joseph. Escatología: Introducción al cristianismo. In: RATZINGER, Joseph. Obras Completas. Vol. IV (Introducción al cristianismo). Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 2018, p. 1-307.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Volume 5: Do Romantismo ao Empiriocriticismo. São Paulo: Paulus, 2005.

SCHLEIMACHER, Fiedrich. Der christliche Glaube. 2 Auflage (1821/22). Berlin: Walter de Gruyter, 2008.

SCHMAUS, Michael. Teologia Dogmatica. V. VII - Los novíssimos. Madrid: Ediciones Rialp, 1961.

SOUZA, Maria Aparecida de. Criação e Evolução: em diálogo com Teilhard de Chardin. 2007. Dissertação (Mestrado em Teologia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.

STANGE, C. Das Ende aller Ding: Die christliche Hoffnung, ihre Grund und ihr Ziel. Bertelsmann, Gütersloh, 1930.

ZUCAL, Silvano. La teologia della morte in Karl Rahner. Bologna: Istituto trentino di Cultura, 1982.

Downloads

Publicado

2025-06-27

Edição

Seção

Artigos