Ficção. Memória. Tempo: o pós-quarentena da COVID-19 e o Eu cindido pelo isolamento social

Autores

  • Jacqueline Oliveira Leão

Resumo

Este texto, no diálogo com a Literatura, a Filosofia e a Psicanálise, se constrói como breve experimento de escrita do Eu no tempo muito próximo ao agora. O discurso do Eu, aqui apresentado, se quer crítico, reflexivo e, mais que tudo, poético, porque é recortado por um estado de ânimo de medo, de dor e de perdas em tempos de isolamento social e pós-quarentena da COVID-19. O escopo de discussão teórica e crítica, delineado por estas escritas, se acerca das noções de ficção, memória, tempo e cisão do Eu [perspectivas discursivas ficcionais ou não], a partir dos pontos de vista, breves na verdade, de autores como: Søren Kierkegaard, Zygmunt Bauman, Paul Ricoeur, Adam Mendilow e Sigmund Freud. Por outro lado, o poema Atemporal, em epígrafe, indaga, por si mesmo, quanto à subjetividade do Eu, na escrita e no discurso em primeira pessoa: o Eu, mesmo se pautando pela fidelidade às normas dos acontecimentos vividos em tempos de pandemia, não se reafirma como construção literária? Logo, a ficção, a memória e o tempo constituem-se como temas intrigantes de análise em tempos de isolamento social: o Eu que fica em casa, se expõe na mídia, reinventa a sua vida pessoal, inventa valores, se inventa como persona e pessoa. Tudo isso por meio, sobretudo, de práticas interativas de construção do próprio Eu nas plataformas digitais, certificadas, paradoxalmente, pela rubrica do suposto “ao vivo” e “tempo real”.

Palavras-chave: Ficção. Memória. Tempo. Cisão do Eu. Isolamento social.

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