Revista Coletânea

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2024: Fraternidade e amizade social

D. Anselmo Chagas de Paiva, OSB — Tue, 24 Sep 2024 00:00:00 -0300

A resenha apresenta uma reflexão sobre o texto-base da Campanha da Fraternidade de 2024, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que procurou resaltar a Fraternidade e a Amizade social, tendo como base a carta encíclica "Fratelli Tutti" do Papa Francisco, onde nos convida a construir no nosso dia a dia uma sólida convivência universal.

Editorial

D. Bento de Aviz, OSB — Tue, 24 Sep 2024 00:00:00 -0300

Revista de Filosofia e Teologia da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro

Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro — Tue, 24 Sep 2024 00:00:00 -0300

“Vós sois meus amigos” (Jo 15,14): uma perspectiva bíblica sobre a amizade

D. Basílio da Silva, OSB — Tue, 24 Sep 2024 00:00:00 -0300

A perspectiva bíblica sobre a amizade tem o seu ponto de partida
no ato criador de Deus, descrito no Livro de Gênesis, e à luz da revelação
apresenta as diversas nuances da amizade para exprimir o dom da Aliança
feito aos homens. Desse processo decorre a reflexão veterotestamentária
sobre a amizade humana, formando um quadro com descrições realistas
sobre a verdadeira face da amizade. No Novo Testamento, o Evangelho
joanino apresenta uma profunda perspectiva sobre a amizade, desta vez
iluminada pela Páscoa do Salvador. As palavras e as ações de Jesus formam
o caminho pelo qual o discípulo progressivamente entra no Mistério Pascal
e tem a sua natureza transformada pela força da Palavra de Cristo, que
declara aos seus discípulos: “Vós sois meus amigos” (Jo 15,14).

A amizade monástica no pensamento de Doroteo de Gaza

Fernando Rivas, OSB — Tue, 24 Sep 2024 00:00:00 -0300

Este artigo explora a visão de Doroteu de Gaza sobre a amizade
monástica, baseando-se em suas palestras e ensinamentos. Doroteu
apresenta a amizade não apenas como uma relação humana, mas como um
reflexo do amor de amizade de Deus pelo homem, plenamente revelado
em Cristo. A amizade divina manifesta-se na encarnação e na Última Ceia,
onde Jesus chama amigos aos seus discípulos. Doroteo sublinha que a vida
monástica é um meio para restaurar esta amizade com Deus, superando
a “filautia” (amor desordenado por si mesmo). Através da humildade, da
obediência e da oração mútua, os monges podem viver uma verdadeira
comunhão de amizade, seguindo o exemplo de Cristo.

Escuta e amizade: binômio necessário para relações humanas

Ademilson Tadeu Quirino — Tue, 24 Sep 2024 00:00:00 -0300

O presente artigo busca compreender o binômio escuta e amizade
no contexto integral e integrador da pessoa humana, tendo como base a
fraternidade universal e a amizade social. Levando-se em conta que hoje
as redes sociais estabelecem uma nova modalidade de relações sociais e de
amizade, cada vez mais fluentes e pouco duradouras, efêmeras, líquidas e
fluidas, o objetivo aqui é despertar o leitor para uma reflexão mais apurada
sobre a necessidade de educar a própria escuta, a fim de viver, de forma
consciente e saudável, relações mais sólidas e duradouras.

Tomás de Aquino: entre a Amizade e a Caridade

Carlos Frederico Calvet da Silveira, Thiago Leite Cabrera — Tue, 24 Sep 2024 00:00:00 -0300

Amizade e caridade são dois conceitos que se referem à
perfeição ética do homem. Dentre os pilares da Filosofia Prática de matriz
aristotélica, está a compreensão de que a essência humana se realiza na vida
comunitária da pólis. Sob essa inspiração, Tomás de Aquino, defende que
a Cidade é uma sociedade perfeita, porém que ela é sobretudo um meio
para o aperfeiçoamento humano. Aristóteles, por outro lado, defende que
o modelo da vida política é a amizade e que, nesse sentido, a finalidade da
vida humana encontra-se na pólis. Embora Tomás assuma grande parte da
reflexão aristotélica acerca da amizade, a mensagem cristã inseriu a caridade
no rol das virtudes, considerando-a forma de todas as virtudes, éticas,
dianoéticas e teologais. A caridade, que é o motor da vida cristã, o que de
certo modo parece diminuir o valor da amizade e abrir um conflito entre
amizade e caridade. Tomás, contudo, chega a unir os dois conceitos ao falar
de ‘amizade de caridade’. Este artigo seguindo uma revisão bibliográfica que
abrange tanto as obras de Tomás como autores contemporâneos, mostra
claramente a distinção amizade e caridade; evidencia ainda que, para
Tomás, a caridade, diferentemente da amizade, é virtude que conduz o
cristão nesta vida, mas permanece na vida eterna, onde atinge sua perfeição
plena. A caridade, diferentemente da amizade, tem objeto específico, que é
Deus, e é por meio da caridade, isto é, pelo amor próprio de Deus, que o
cristão ama seus amigos.

Teresa de Lisieux e a amizade

Jean-Marie Laurier — Tue, 24 Sep 2024 00:00:00 -0300

Teresa de Lisieux é menos conhecida na dimensão da amizade
espiritual e humana do que Santa Teresa d´Ávila. Suas experiências
negativas na infância e adolescência avaliadas com os critérios pessimistas
do livro da Imitação de Cristo poderiam enganar. Na última etapa de sua
vida no Carmelo teresiano, em coincidência com a doença física e com a
noite da fé e da esperança, Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face
recebeu como um divino presente a amizade de uma irmã mais jovem,
a quem devia formar no carisma teresiano e que tinha condicionamentos
familiares e temperamentais complicados: Irmã Maria da Trindade. As
cartas da santa de Lisieux e os diversos testemunhos manifestam a grande
maturidade e liberdade na amizade pela mais jovem Doutora da Igreja e
mais ilustre discípula de São João da Cruz.

A transformação antropológica e a educação da fé: a amizade como critério de autenticidade

Luís M. Figueiredo Rodrigues — Tue, 24 Sep 2024 00:00:00 -0300

A partir do desafio constatado no Diretório da Catequese de 2020,
segundo o qual as redes sociais digitais estão a promover uma alteração não
só cultural, mas antropológica, este texto discute o modo como a educação
da fé pode realizar a sua missão, sem esquecer que a fé é sobretudo uma
relação de amizade com Deus. Reconhece-se que graças à plasticidade
do cérebro, este deixa-se influenciar e moldar pelos comportamentos e
ambientes em que se vive. Com isso, surgem alterações cognitivas que se
manifestam nas modificações na perceção, na atenção, na memória e no
pensamento. Aliás, o papa Francisco já o tinha denunciado ao dizer que,
«não favorecem o desenvolvimento da capacidade de viver com sabedoria,
de pensar profundamente, de amar generosamente» (Laudato Si’, 47). Para
que a educação da fé possa dar uma resposta cabal, importa assumir alguns
desafios e recursos da tradição cristã: deixar de se concentrar nas respostas
e fixar-se nas perguntas; centrar-se mais nas pessoas que nos conteúdos; e,
por fim, privilegiar a narração mais que a explicação das ideias.